quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Quero um ano melhor

Um brinde ao ano novo
E vamos xingar o velho

"Velho lazarento
Sai do meio da rua"




O Natal e o vazio

Não é possível explicar o vazio
Não é ferida
Mas faz doer
Não cheira nem fede
Mas não deixa respirar
É uma folha em branco
Rabiscada
Amassada
e vazia.
Se ele existisse
Eu sumira com ele.
(Mas então
Só o vazio restaria
e este estúpido panetone.)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Repúdio

Repudiamos ações e pensamentos
Que vemos em nós mesmos
Meu ódio é um espelho
Que corta dos dois lados

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

As feridas

Chuvas torrenciais de novembro
Um homem em pé com seu guarda-chuva
Procurando o amor da sua vida

Sentada na esquina uma moça
Olhando para o horizonte
Procurando o amor da sua vida

Um homem saindo do trabalho cansado
Com sua mala e seu terno
Procurando o amor da sua vida

Uma menina de saia com bolinhas
Correndo pelas ruas sorreteira
Procurando o amor da sua vida

Não adianta fingir
Não adianta mentir
Você está procurando o amor da sua vida
Mesmo que esteja tomando chuva, sentado na esquina, saindo do trabalho
Os olhos procuram aflitos
Ninguém quer morrer só.

domingo, 16 de outubro de 2011

A verdade

Com tantas verdades por aí
Uma delas tem que ser mentira
A verdade é uma só
E liberta?
Ou seria a mentira que liberta?
Não importa
A verdade ou mentira
Não passa de um modo de ver as coisas
De fugir da verdade do outro
E de fugir das nossas mentiras.


Corra!

Café expresso!
Fast food!
Just-in-time!
Agora!
Hora do Rush!
Pausa para o coffee-break!
Tirinhas!
Manchetes!
Vedetes!
Façam boquetes! (rapidamente).
Drive-in!
Freak out!
Prazos!
Comprei!
Descartei!
Acelerei!
Pare!
Não parei...
Bati!
Morri!
Me enterraram rápido pra não feder...





Não vi

Não vi a última hora e não vi os meses passarem
Não vi você chegar e não vi você ir
Não vi quem queria ver e não vi a luz do sol
Não vi o sol se pôr e tampouco vi a mim mesmo
Sou um cego com olhos presos na escuridão
No buraco negro egocêntrico do eu mesmo da solidão

Ter

Ter milhões de amigos
e não ter um em quem confiar
Ter milhões de reais
e não ter uma gota de suor pra contar
Ter milhões de carros
e não poder ir onde quer
Ter milhões de cursos
e não saber amar
Ter milhões e milhões
e não ter nada e nada.

sábado, 1 de outubro de 2011

Os cavaleiros do apocalipse

Os cavaleiros do apocalipse chegaram em seus cavalos flamejantes
Olharam pela face da terra e viram guerra, fome e peste
Ficaram confusos e decidiram procurar um novo emprego




segunda-feira, 20 de junho de 2011

Um texto qualquer

Esse texto?
Ah, esse é mais um texto qualquer...
Escrito por uma pessoa qualquer...
Num dia qualquer...
Insignificante.

Essa pessoa?
Ah, essa é mais uma pessoa qualquer...
Filha de uma mãe qualquer...
Que nasceu num dia qualquer...
Insignificante.

Sou janela ou sou um espelho?

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Morte burocrática

Você não leu??
Mas está mais claro do que lama:
Este é o subitem do subitem A
Do parágrafo B, Coluna C, versículo primeiro do parágrafo segundo
capítulo de João
que diz (claramente) que
Quando você menos notar
Sua vida terá/será passado.
Sinto muito, mas estamos tomando sua vida
Para julgamento em maior estância.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Consciência II

Nem sempre o que falo faz sentido
Quase sempre nada do que falo faz sentido
Nem sempre o talo está comprimido
Sempre o "pra sempre" está fugido
Nunca o nada foi amigo
E nunca creia no nada
Ouça o que eu digo
Quando nada faz sentido
Esteja ele comprimido
Até mesmo o que digo
Faz mais sentido.

Consciência

Será que consigo um comprimido?
Será que consigo um amigo?
Será que eu entendo o que digo?
Será que alguém diz algo que faz sentido?
Será que amigo é comprimido?
Serei eu comprimido pelo sentido?
Ou será tudo isso um jogo de palavras?


sábado, 30 de abril de 2011

São tantas dúvidas
São tantas dívidas

domingo, 10 de abril de 2011

Tarde de domingo

Chuva e sol
Arco-íris
O pensamento
Num breve momento

sexta-feira, 1 de abril de 2011

E quando tudo parecia caos
E quando tudo parecia abismo
Nada estava fora do lugar

segunda-feira, 28 de março de 2011

Ler e escrever
Escrever e ler
Não ter pra onde ir
Caminho a percorrer
É como ler e escrever
Escrever e ler
Palavras sem sentido
Zambago zimbarigo
E ai de quem rir
do meu umbigo.

terça-feira, 22 de março de 2011

Morte

Na parede da faculdade uma lista
De pessoas que passaram

Na parede da funerária outra lista
De pessoas que passaram

Queria achar um signficado nisso
Mas são apenas nomes.

terça-feira, 8 de março de 2011

Poema do amor sem fim

Eis um poema
Eis o amor
E eis o fim
(Mas não era "Poema do amor sem fim?")
Final inesperado.

Procura-se um abraço!

Procura-se um abraço
Não precisa ser grande
Mas não precisa dar espaço
Não precisa ter fim
Mas precisa de um começo
Pode ser acompanhado de um beijo
Ou não
Só precisa tocar meu coração

Procura-se um abraço
Não precisa ser apertado
Mas tem que dar cansaço
Pode fazer rir ou chorar
Pode ser com ou sem roupa
Depende de como você desejar
Eu só preciso
De um abraço
Paga-se com a vida
Que afinal, nada vale mesmo
Sem esse abraço.

Arrependimento...

Sinto saudades daquele dia
Em que um sorvete
Era alegria

Sinto saudades daquele mês
Em que os beijos
Eram amor

Sinto saudades daquele domingo
Em que rezar
Bastava

Sinto saudades de coisas
Que de pequenas
Eram grandes

Mas já se foi esse tempo...

Traumas

Trauma é uma trama
De nós
Eu e eu mesmo
Eu e o mundo
Eu e quem amo
Eu e quem quero
E quando esses nós
Se encontram
Eu nunca sei quem sou eu
Só me sinto enrolado
Braços na nunca
Pés na costela
Cabeça no chão
Dedo no nariz
Mão no coração
Joelho nas costas
Dói muito.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Peixinhos...

Capturados
Pelas redes
Presos
Foge peixinho!

O segredo de uma vida (in)feliz...

Beber descaradamente
Fumar enlouquecidamente
Beijar indiscriminavelmente
Transar inconsequentemente
Mente pra caramba.

Diferente...

Quando falta fé
No mundo
Quando falta café
No pote
Quando falta José
Na rua
Quando falta Maomé
Na montanha
Quando falta Xulé
No pé
Quando faltar qualquer coisa que as vezes parece gigantemente necessária é
preciso
fugir
da regra.

Né não.

Aliteração séria.

Ser sério é ser sereno
Soprar sortilégios
Sangrar semelhantes
Semear solidão
Sofrer.

(Altere, não alitere)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Andando na Paulista...

Andando na Paulista
Descobri que sou caipira
Que minhas rimas são pobres
E que o povo é pobre
Minha alma é pequena
Perto de prédios gigantes
Um sonho diminuído
Diluído na fumaça que cai
E que sai dos carros
Dos cigarros
E dos homens raros que
Gostam de arte!
A la carte
Numa cidade de horrores
De prantos escondidos
De homens caídos
É essencial saber que
A arte não é flor que se cheire
Nem prato que se coma
Por um homem em coma
Não procure a arte dentro de si
Ela está na Avenida Paulista.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Diz emprego desemprego

Sou ator, sou técnico de informática
Sou professor de inglês, sou carpinteiro
Sou arquiteto, sou da gramática
Sou aquele engenheiro com pós em matemática
Mestrado na Unicamp
Formado na Puccamp
Sou juiz forense de Juiz de Fora
E eu sou formado na USP!
Sou o cuspe
Que ninguém engole.
Estou na rua varrendo o chão
Pedindo em oração pra exercer minha vocação.
Mas no momento, meu Senhor, estou desempregado.

Palavras compostas...

Se um dia fosses flor
Queria ser um beija-flor
Se um dia fosses chuva
Queria ser um guarda-chuva
Se um dia fosses vento
Queria ser um cata-vento
Mas nunca, por favor, seja água
Aguardente faz mal e é errado.

Escuta:

Escuta:
Não é música
Escuta:
Não é aconchego
Escuta:
Não é barulho
Escuta:
Dá pra ouvir?
Esse barulho filho da
Mãe!
É a minha mãe.
Falando sem parar...

sábado, 8 de janeiro de 2011

Momento de pausa...

Todos precisamos de uma pausa
Um momento de questionamento
Um contento pelo lamento
De questionar sua própria causa

Num tormento de atropelar
As ações pelos pensamentos
As canções pelos sofrimentos
Esquecemos de parar pra sonhar

Sonhar é a palavra chave
Num mundo onde o egoísmo é uma porta

Quero um lugar...

Que não pode ser medido
Que não pode ser comprado
Que só pode ser sentido
Que só pode ser mentira
Não quero somente
Eu preciso
Aprecio
Quero, quero, quero
Que você me ame
Que o mundo me ame
Uma peça num quebra cabeça
Não encontra seu lugar
Até quebrar muito a cabeça
Olhar-se de cima
E se amar
E se eu amar
Nada amarei senão esse meu lugar
No mundo