sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Eu sou mais do que

Eu sou mais do que uma profissão
Eu sou mais que o meu holerite

Eu não sou mais que o outro
Mas eu sou mais do que eu

Eu sou mais que um partido
Eu sou mais reparti(n)do

Eu sou mais que um pedaço de carne
Mas eu ainda sou um pedaço de carne

Eu sou mais do que o meu sexo
Eu sou mais meu caráter

Eu sou mais que um espírito
Eu sou muitos espíritos

Eu sou mais que uma religião
E quem sabe seja até ateu

Eu sou templo
Mas quero mais ser abrigo

Eu sou mais futuro
Mas queria ser mais presente

Eu sou filho
E serei pai

Eu sou neto
E serei avô

Eu estou vivo
E pode ser que morra amanhã

Eu queria estar certo sempre
Mas erro e sou meu erro

Eu sou tantas coisas
E sou tão pequeno

Eu sou quem eu xingo e ojerizo
Antes mesmo de amar

Eu sou mais do que emotivo
Racionalmente falando

E sou mais do que totalmente velho
Apesar da cútis

Eu sou o que bebo, como, fumo, injeto, cheiro
Mas eu também sou o que falo

Às vezes, eu não queria ser eu
Eu sou a única pessoa que queria ser





domingo, 10 de novembro de 2013

Hoje acordei querendo ser mais do que sou
Querendo ser mais do que já fui
E talvez mais do que serei

Tive medo, por um instante, de ter medo
E de deixar o coração pular da boca

Quis chorar como se não houvesse amanhã
Quis chorar para o peito parar de palpitar
Quis chorar pra não precisar lutar

Mas não quis chorar
É covardia chorar

Prefiro lutar pelos dias que virão
Mesmo que pareça em vão
Mas hoje, só por hoje, deixo a espada no chão

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Caveiras

Quando o relógio bate as sete
Todas as caveiras pegam o frete
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as oito
Todas as caveiras batem o ponto
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as nove
Todas as caveiras tomam Engov
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as dez
Todas as caveiras desenvolvem stress
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as onze
Todas as caveiras se escondem
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as doze
Todas as caveiras comem arroz
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate a uma
Todas as caveiras voltam a tumba
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as duas
Todas as caveiras trabalham assíduas
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as três
Todas as caveiras estão em morbidez
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as quatro
Todas as caveiras fazem gato
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as cinco
Todas as caveiras fogem do cinto
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Quando o relógio bate as seis
Todas as caveiras pagam as contas do mês
(Trampo e mais trampo vai chegar, trampo e mais trampo vai chegar)
Escrever
Não tento
Sem sentimento
Conhecimento
Lamento
Tormento
Não faz sentido.

sábado, 22 de setembro de 2012

Discurso

-Proceder com a procrastinação
-Alimentar a alienação
-Mediar o medo
-Discernir a discórdia
-Semear a sede
-Fomentar a fome
-Prometer a pobreza
-Lutar contra a liberdade
-Asfalto para todos
-Dignidade para poucos

Poder relativo

O poder relativo
Das relações hierárquicas
Me coage a pronunciar
Uma veracidade que entristece:
"O de cima sobe
e o de baixo desce"

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mô, No Cromia.

Onde estão as cores de outrora
Aquele Laranja da aurora
O Azul Anil  que fugiu do céu 
O Vermelho da amora?
As bandeiras coloridas das festas juninas
O riso Róseo das bocas alegres e carnudas das meninas
Os olhos Castanhos que brilhavam
O Rosa Gozado das Goiabas nascendo acima
dO Verde das gramíneas debaixo do sol Amarelo Amarelado.

Foi-se embora
Foi-se assim como tantas outras coisas
Há uns minutos atrás na cor da juventude
Agora
O mundo adulto está sendo impresso no preto e no branco
A tinta colorida está cara demais.
Está tudo caro demais
A única cor que rege o mundo é o Verde
o Verde das Verdinhas
as Verdinhas sujas, cinzas e feias.