segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sinestesia

Sinto o vento forte cortar minhas narinas lentamente
Enquanto balbucio seu nome com veemência
Caminho por sonhos feito nuvens de algodão, macias e confortáveis
Mas dói lentamente quando não consigo segurar a nuvem com a mão
Ela escapa por entre os dedos cheirando fumaça
E corrompe os dedos em sangue
Como cheguei nesse céu azul?
Como vim parar tão alto?
Já não dá mais pra voltar atrás...
Já não dá mais pra ir pra frente...
Já não dá mais?
Essa seria a hora de pular. O vento está forte...muito forte...as nuvens já não me seguram
Os passarinhos que cantavam, até agora, amarelos
Se esfarinharam como farelos e caíram no chão.
Os sonhos, antes brancos, cheiraram a chuva e depois a tempestade
Há tempestade
Sempre há.
A água molha meus pais
Os sonhos se desfazem
Mas o sol brilha forte... brilha muito forte. Estico minha mão pra tampar o rosto
Ao longe avisto o norte
E lembro que sou forte... eu sou forte.
Agarro meus sonhos a unha... os cortes cada vez mais profundos (sonhar dói)
Mas sigo em frente carregando esse sonho...
Se eu solta-lo... mais do que a dor...cairei... e terei definitivamente... deixado de viver.

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